Aqui, no céu claro do planalto, sobre o asfalto quente, eu atravesso a rua em direção ao escritório, sob meus pés, a distância vai encurtando e o caminho deixado para trás esquecido de mim - outros pés caminham sobre a imensa e densa massa asfáltica da cidade. Tudo brilha e queima entre vidros, asfalto e estátuas que contam histórias. Nem é preciso ser poeta para ver contido na paisagem urbana uma rima rica em contrastes entre o humano e o monolítico.
Um olhar ao redor de mim, me localiza entre difentes rostos e gestos, gostos e restos de pensamentos aleatórios - eles dizem muito mais que posso ouvir - mas são ininteligíveis a ouvidos nus, será preciso um pouco mais de atenção para decifrar de que tanto reclama a multidão.
E assim, todos os dias são - ou parecem - iguais. Entro no escritório, sento em minha cadeira e ligo o computador. Planos e planilhas, reuniões e cartilhas, nada é mastigado, mas engulo o tempo, porque o trabalho não dá trégua, e preciso continuar e continuar...pagar as contas no fim do mês.